Origens, Identidade e Caminhos de Enfrentamento é o tema da Aula Magna a ser proferida pelo professor e antropólogo Kagengele Munanga, no próximo dia 28, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
A atividade será realizada as 17h30, no Salão Nobre da Esalq e integra a programação do III Encontro para a Consciência Negra na Esalq, organizado pelo Coletivo Negro Baobás.
Kabengele Munanga é uma das maiores autoridades no estudo do racismo e das relações étnico-raciais no Brasil, e há quase meio século se dedica a pesquisas sobre a questão racial. Nascido no Zaire (hoje República Democrática do Congo), Munanga é o primeiro antropólogo formado no seu país e o primeiro professor negro da USP.
Munanga iniciou sua carreira acadêmica como professor assistente na Universidade Oficial do Congo, onde atuou de 1969 a 1975. Começou seus estudos de pós-graduação na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, onde permaneceu entre 1969 e 1971, tendo nesse período atuado também como pesquisador no Museu Real da África Central em Tervuren, em Bruxelas, e se especializado no estudo das artes africanas tradicionais. Retornou ao Congo em 1971 para fazer um trabalho de campo. No entanto, a instalação da ditadura de Mobutu Sese Seko inviabilizou a conclusão de sua pós-graduação no país.
A convite do professor Fernando Mourão, então diretor do Centro de Estudos Africanos da USP, Kabengele Munanga veio ao Brasil para concluir seu doutorado. Chegou a São Paulo em julho de 1975 com uma bolsa de dois anos oferecida pela USP para estudantes africanos. Intitulada Os Basanga de Shaba, Um Grupo Étnico do Zaire, Ensaio de Antropologia Geral, sua tese de doutorado foi publicada em 1986 pela FFLCH.
O antropólogo se tornou professor da FFLCH em 1980 e lá lecionou até 2012, tendo como foco principal as áreas de Antropologia da África e da População Afro-Brasileira. Também foi diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP entre 1983 e 1989, vice-diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP entre 2002 e 2006, e diretor do Centro de Estudos Africanos entre 2006 e 2010. Ao longo de mais de 30 anos de carreira na USP, lutou ativamente pela implementação do sistema de cotas na Universidade. Atualmente, é professor sênior no Centro de Estudos Africanos da FFLCH.
Recebeu inúmeros prêmios e títulos honoríficos, entre os quais a Comenda da Ordem do Mérito Cultural; o Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco; o Prêmio Benedicto Galvão, da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP); o Troféu Raça Negra, pelo Afro-Brás e Faculdade Zumbi dos Palmares; o Prêmio de Direitos Humanos USP 2017; o título de Cidadão Baiano pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Também foi homenageado pela Associação dos Docentes da USP (Adusp) por sua contribuição à superação das desigualdades raciais no Brasil e como Decano em Estudos Antropológicos pelo Departamento de Antropologia da USP. Mais recentemente, recebeu em 2020 a Medalha Roquette Pinto, outorgada pela Associação Brasileira de Antropologia, e em 2021 o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Serviço
III Encontro para a Consciência Negra na Esalq
Aula Magna: Origens, Identidade e Caminhos de Enfrentamento
Palestrante: Kabengele Munanga
Data: 28 de novembro de 2024
Horário: 17h30
Local: Salão Nobre da Esalq (Avenida Pádua Dias, 11, Piracicaba-SP)
Organização: Coletivo Negro Baobás
Apoio: Esalq/Comissão de Inclusão e Pertencimento
Texto: Caio Albuquerque (12/11/2024)